Impacto das Eleições na Economia: Cenários e Projeções

Impacto das Eleições na Economia: Cenários e Projeções

As eleições de 2026 representam um marco decisivo para o futuro econômico do Brasil. Entre incertezas e expectativas, investidores, empresas e cidadãos acompanham de perto cada sinal sobre políticas fiscais e reformas estruturais.

Situação Econômica Atual e Projeções

Após um ciclo de crescimento médio de 3% ao ano entre 2022 e 2024, a economia brasileira desacelerou. Para 2025, diversas fontes indicam um PIB entre 2,0% e 2,4%, com consenso em torno de 2,4%. Já para 2026, as estimativas apontam queda adicional, situando-se entre 1,7% e 2,0%.

O desemprego manteve-se em patamares historicamente baixos, mas projeta-se estabilidade ou leve alta na taxa de desocupação. A inflação, por sua vez, deve oscilar em torno de 4,5% a 4,6% em 2025 e 2026, pressionada por preços administrados e alta do dólar.

A taxa Selic permanecerá elevada, possivelmente encerrando 2026 perto de 12% ao ano, limitando o crédito. Soma-se a isso a preocupação com o crescimento da dívida pública, impulsionado pelo aumento de gastos sociais e benefícios, e a tendência de apreciação do dólar, pressionando o câmbio interno.

Como as Eleições Influenciam a Economia

O ciclo eleitoral intensifica a incerteza eleitoral, reduzindo o apetite de investidores, sobretudo estrangeiros, que buscam clareza sobre o compromisso fiscal do próximo governo. A falta de definição sobre reformas estruturais tende a desvalorizar ativos locais e aumentar o risco-país.

Em anos eleitorais, observa-se elevação de gastos públicos para estimular consumo e reforçar apoios regionais. Medidas recentes incluem redução de imposto para renda até R$ 5 mil, expansão de crédito privado e pagamento de precatórios, com impacto estimado de R$ 25 bilhões no consumo em 2025 (0,2 p.p. do PIB).

O mercado financeiro registra aumento de volatilidade próximo às eleições: a bolsa oscila e o câmbio reage a cada pesquisa ou proposta de campanha. Juros reais elevados, acima de 7%, atuam como amortecedor, mas restringem investimentos de longo prazo.

Visão de Investidores e Contexto Internacional

Investidores estrangeiros avaliam não apenas o cenário doméstico como também o panorama internacional. A possibilidade de reeleição de Donald Trump e sua política de aumento de tarifas nos EUA pode retrair cadeias de comércio global, afetando exportações brasileiras e gerando oscilações cambiais.

Episódios de shutdown nos EUA criam picos de aversão ao risco, provocando fuga de capitais de emergentes. Um dólar fortalecido tende a pressionar a inflação local e elevar custos de importação de insumos industriais.

Em síntese, a combinação de choques globais e incertezas domésticas exige vigilância constante por parte de gestores de portfólio e autoridades monetárias.

Cenários Políticos e Projeções

Para analisar os desdobramentos possíveis, três cenários principais emergem:

Desafios e Oportunidades para Empresas

No ambiente atual, companhias precisam desenvolver estratégias que equilibrem proteção contra volatilidade e aproveitamento de oportunidades.

  • Hedging cambial e de juros: protegem margens em cenários de alta de custos.
  • Diversificação de mercados: reduz dependência de um único canal de exportação.
  • Agilidade estratégica: revisão de planos de investimento diante de novas políticas.

Setores como infraestrutura, tecnologia e agronegócio podem se beneficiar de pacotes de privatizações e estímulos externos, enquanto indústrias intensivas em insumos importados enfrentam maiores desafios.

Conclusão

As eleições de 2026 funcionarão como um ponto de inflexão para a trajetória econômica brasileira. A chave para conter a volatilidade reside em um ajuste fiscal responsável e em maior previsibilidade institucional.

O acompanhamento constante das propostas de governo, aliado ao monitoramento de eventos internacionais, será essencial para investidores, empresas e formuladores de políticas. Em um contexto de alta incerteza, estar bem informado e ágil na tomada de decisão faz toda a diferença para criar valor e mitigar riscos.

Referências

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes